quinta-feira, 6 de maio de 2010

Minha única escolha é cumprir o que eu me propus a fazer.

Essas são as palavras do meu Mestre, Daisaku Ikeda.

Pode parecer estranho para alguns esse laço respeitoso entre mestre e discípulo, mas mesmo quando não temos clara essa relação, ela existe: com nossos pais, professores, relações espirituais com pessoas mais velhas ou mais novas que passam por nossa vida e nos ensinam algo que jamais esqueceremos. Que nos faz crescer a partir do seu surgimento. Por mais que as vezes seja dura a relação, que o ensino seja doído, se nos faz crescer, não deixa de ser algo bom.

Sakyamuni: "Não pense que o seu mestre morreu, ou que ele jamais existiu. Os ensinos e os preceitos que lhe ensinei, serão seu mestre" (Síntese do Budismo, editora B. Seikyo)

Um pouco mais profunda é a relação de mestre ligado à Lei da vida, o Nam Myoho Rengue Kyo. Posso dizer que muito mais que cármica, essa relação é dhármica. Pois, uma vez no caminho do Buda, não há mais retorno.Enxergamos a vida e por mais que fechemos os olhos e queiramos retornar às nossas ações mundanas, sempre haverá o rastro da Lei. É como se quiséssemos esconder uma lâmpada acesa para deixar o quarto escuro, colocando muitas roupas em cima porque não conseguimos desligá - la. Por mais cores e tipos de panos, por mais que ninguem saiba, nós intimamente sabemos dessa lâmpada acesa.

O mestre não esconde a lâmpada, ele não esconde nada.
Os Budas e os mestres estão em perfeita harmonia. Os mestres tomam para si o caminho do Buda e consequentemente manifestam o estado de Buda, além disso, ajudam - nos a treinar a mente para atingir o mesmo grau de elevação espiritual. Dão suas vidas como exemplo para nos incentivar. Esta é a diferença do mestre ligado à Lei da vida e dos mestres ligados à nós. No final, em tudo isso há uma relação profunda onde não sabemos onde é o começo e nem onde termina, ou se termina.

Eu tive muita dificuldade para compreender a relação de mestre e discípulo até perceber que o caminho que o mestre traça é percorrido pelo discípulo. Um não existe sem o outro e ambos são lineares, juntos lado a lado. E também, diferente do que as pessoas geralmente pensam, não estamos presos ao mestre. A real intenção do mestre é de o discípulo seguir livremente por onde o mestre não esteve, que ele seja melhor que o próprio mestre. Só assim, a missão do mestre será cumprida.
Na verdade, o que me prendia era a minha própria mente.

O bom de ter um mestre é a chance de elucidar nossas virtures e corrigir nossos defeitos. Chegar o mais próximo possível do respeito pelo outro, da benevolência humana.

Estava refletindo hoje pela manhã, durante a recitação do Daimoku sobre... uma vez que o Dharma foi revelado pelo Buda e eu o reconheci nesta existência, nada mais, nem meu próprio carma justifica minhas falhas. O Buda, o mestre ao depositar toda a sua vida na confiança de que eu estivesse apta a partilhar do ensino, minha falha deixa de ser somente uma falha e torna - se uma covardia.

No final, Mestre é aquele que ensina, simples assim. Este mostra claramente o momento de ser feliz (agora) e, por alguma razão criamos a causa para tê - lo em nossa vida. Porém, justamente pelo budismo não se prender aos fatos em si, daqui para frente, o que fazemos com ela (vida), no caminho da felicidade ou infelicidade, é responsabilidade nossa.

No final das contas, minha escolha também é o que me propus a fazer, caso contrário, estou enganando a quem, além de mim?

Por isso, o mais correto não é se apegar ao mestre como pessoa, fisicamente, mas espiritualmente.

O que sinto é que todos os grandes mestres que tive gritam em meu coração a grande sacada do Budismo, a compreensão.

É simples, por isso não é fácil.

Minha alma está um turbilhão de emoções, parece que consigo viajar para loooonge... mas minha mente está tranquila, queria escrever muito mais coisas, porém, chega de delongas.

Quando mergulharam comigo, no oceano da vida ou viajaram por todo o ventre do Universo, escutando comigo a voz da terra, mesmo silenciosamente, estão me ajudando a "descobrir o plano" da compreensão, não a mental mas a ilimitada, enfim, a verdadeira liberdade.

Não fumei nada não, só estou com o sentimento de gratidão aflorado por merecer O ensino e os mestres que me conduzem à liberdade.

Nam Myoho Rengue Kyo.